Eu adoro combinar a inteligência humana com a tecnológica, gerando propósito e impacto. Essa frase se encaixa perfeitamente em uma viagem que fiz há algum tempo com minha família.
Ainda estava amanhecendo quando chegamos à Serra. O ar úmido e uma leve neblina cobriam o cenário, exalando aquele cheiro de chuva e terra molhada que anunciam um dia introspectivo. Mas que se mostraria muito especial.
Eu dirigia um carro elétrico, tecnológico e silencioso, rumo às montanhas. Ao meu lado, minha esposa ajustava a temperatura do carro e observava a estrada, comentando como ele parecia deslizar sobre o asfalto molhado. No banco de trás, minha filha de 25 anos navegava com agilidade no celular, fazendo pedidos das coisas que havíamos esquecido: petiscos, vinho, protetor solar… já com entrega programada direto na pousada.
A IA traça o caminho. Mas nós decidimos o destino.
O GPS recomendava evitar um trecho interditado pela chuva. Mas, ao pararmos numa vendinha à beira da estrada para tomar café, um senhor nos falou sobre um desvio mais bonito, com vista para o rio. Tínhamos ali dois caminhos: o seguro, da tecnologia ou o instintivo, da sabedoria de quem já percorreu aquela estrada.
Fomos pela segunda opção. E acertamos. O caminho revelou paisagens que nenhum prompt ou algoritmo indicaria. A inteligência artificial pode ter nos levado até ali. Mas foi a experiência humana que entregou o que só a vida sabe oferecer.
A filha conectada, a esposa presente, o pai observador.
Enquanto o carro ajustava tração e recuperava energia nas descidas, minha filha continuava conectada. Confirmava pedidos, conversava com amigos e recebia sugestões de conteúdo moldadas por algoritmos que aprendem o que ela gosta.
Minha esposa, mais imersa no caminho, dizia como tudo parecia mais leve e mais silencioso do que outras viagens anteriores. E eu, dirigindo, pensava sobre como aquela cena resumia o que acredito: a tecnologia pode cuidar da rotina, mas é a presença que cuida das nossas relações.
A pausa no alto da serra.
Lá no topo da montanha, o sinal caiu. Os celulares silenciaram. Paramos. Respiramos fundo. A neblina ainda cobria parte da paisagem. E o silêncio, agora natural, nos envolveu.
Conversamos. Rimos. Refletimos sobre os caminhos da vida. Sem filtros, sem pressa, sem tela. A inteligência que importava ali era a humana, feita de memória, afeto e vivências que somente a presença é capaz de construir.
Duas inteligências, uma mesma jornada.
Na volta, o carro seguiu sua função: otimizava energia, cuidava da segurança, dava sinais de eficiência. O GPS nos guiava com precisão. A tecnologia cumpria seu papel.
Mas o que impactou foi o que vivemos juntos.
“Gosto da inteligência artificial. Mas prefiro, antes, a inteligência humana.”
E gosto ainda mais quando as duas se encontram a serviço de algo maior.
Reflexão final:
No dia a dia, quantas vezes somos a inteligência artificial — sempre operando, agilizando, resolvendo?
E quantas vezes escolhemos ser a inteligência humana — sentindo, conectando, inspirando?
Talvez o desafio do nosso tempo não seja escolher entre uma ou outra…
Mas saber quando é hora de ser cada uma delas.








